É comum ver os jogadores testando o limite da criatividade na hora de criar personagens de rpg diferentes, únicos e por que não, bizarros, e isso é sempre bom. Porém, existe uma linha que, se cruzada, pode tornar essa experiência um desastre…

A Proposta do jogo

Já falamos algumas vezes sobre como alguns RPGs esperam algo dos personagens, afinal eles são os protagonistas da história. Então, se na mesa de D&D, você não deseja ser um aventureiro, vai complicar pro mestre manter o grupo unido e desenvolver suas aventuras.

Digamos que você decide jogar com um chef de restaurante renomado em uma mesa de Chamado de Cthulhu, você acha que esse personagem funcionaria para o jogo? 

Bom, aí temos que nos aprofundar na PROPOSTA do jogo, essa mesa é um oneshot? A ideia é ser uma campanha longa? O caso está diretamente ligado aos PJs? Para que o chef de cozinha se afaste de sua rotina e vá entrar na investigação ele deve ter uma forte motivação, o caso aconteceu em seu restaurante? Ou com alguém da sua equipe ou família?

E depois disso, como manter esse personagem como parte do grupo? A experiência com o sobrenatural o tornou incapaz de cozinhar novamente e por isso ele se afasta da cozinha e passa a investigar mais casos?

Deu para entender onde quero chegar? Se você não tem uma ligação com o caso inicial dificilmente você vai se envolver na trama ou até mesmo com o grupo. Se o jogo for uma campanha e depois da primeira aventura você simplesmente decidir voltar à sua rotina isso vai complicar muito a tarefa do narrador de tentar puxar o personagem de volta para a trama.

Com um pouco de esforço e jeito é possível encaixar o personagem, mas é você como jogador que deve estar disposto a isso. Se esse não é um personagem que se conecta naturalmente à proposta do jogo, então você deve direcioná-lo para tal!

Às vezes o que achamos ser uma boa ideia, pode acabar tornando a convivência do grupo um inferno:

O grupo

O clássico caso do paladino vs ladino do grupo sempre cria várias situações desafiadoras e divertidas na mesa, mas basta extrapolar um pouco essa convivência e ela pode se tornar impossível.

Imagine um vampiro sanguinário e um paladino no mesmo grupo? Assim que o paladino se tornar consciente das ações de vampiro o grupo pode sofrer uma ruptura, eles podem tentar se matar ou seguir caminhos diferentes. De qualquer forma, toda a mesa será afetada pela briga dos dois.

Então, se tem um paladino na mesa não posso fazer um vampiro? É claro que não, os dois podem coexistir, e até mesmo ter uma relação de brigas constantes, mas vocês devem achar um equilíbrio na relação. O vampirismo é uma maldição, você pode tentar lutar contra seus instintos, estar com o grupo se aventurando pelo mundo em busca de uma cura… 

Como você já deve ter percebido, o “corpo” do personagem não necessariamente torna sua ideia ruim ou prejudicial para o jogo, mas sim como você decide interpretar esse personagem, dentro do universo da campanha. E existe outra coisa para você ter em mente quando desejar criar um personagem destoante:

Desvantagem

Criar um personagem muito diferente da proposta do jogo pode colocá-lo em desvantagem em certas situações na mesa, o que pode tornar o jogo chato para você.

Se você faz um personagem não combatente em uma mesa em que vocês estão enfrentando monstros sessão sim, sessão também, você vai perder boa parte da diversão do jogo.

Se na mesa de investigação você só tem habilidades de combate também vai ter dificuldades… não me entenda mal, dificuldades fazem parte do jogo, fazem você ter que buscar ideias inovadoras para solucionar os problemas. Mas alguns jogadores podem ter problemas para se divertir nessas situações e acabar perdendo o tesão de jogar com esse personagem.

Então não devo criar um personagem inusitado?

Então, como já falei várias vezes, ponha um pouco de empenho na hora de criar seus personagens, imagine diferentes cenários para onde o jogo pode ir, cenas diferentes e se imagine interpretando esse personagem nessas situações. Busque ter certeza de que vai se divertir com ele.

Esse artigo de forma alguma foi escrito para desencorajar a criação de personagens diferentões, pelo contrário, estou aqui pra te ajudar a fazer isso! Não tem nada mais sem graça do que parar de se desafiar no RPG. 

Ter ousadia sempre traz seus riscos, e se frustrar com um personagem faz parte da experiência, então mesmo que isso aconteça não desanime e tente entender o que está errado com o personagem para não repetir o mesmo erro no próximo. Espero que isso de alguma forma te inspire e te ajude na construção do seu próximo personagem!

E aí, já fez algum personagem diferentão? Escreve um comentário aí! Conhece alguma história engraçada ou interessante que aconteceu com um personagem diferentão na sua mesa de jogo? Conta pra gente! E manda esse artigo lá no grupo do RPG que tem aquele jogador que sempre faz um personagem nada haver com a proposta do jogo! Vlw e até a próxima!