Minha primeira mesa feminina!

Yo! Estava empolgadíssimo para escrever esse texto, pois depois de alguns anos nessa indústria vital do RPG, finalmente tive minha experiência como Mestre de uma mesa ocupada apenas por jogadoras! E devo dizer que foi empolgante!

Eu já havia mestrado antes para mesas contendo uma ou outra garota, mas pela experiência que tive posso dizer que quando há presença de garotos, as mulheres se comportam de uma forma bem diferente de quando elas estão acompanhadas apenas por suas amigas. (Estou citando a minha experiência em particular. Tenho certeza de que devem haver mulheres que são as mesmas indiferente dos sexos dos integrantes).

Alexandra Mihai - Disney Princess playing DnD
Arte por Alexandra Mihai

Vou citar aqui em forma de tópicos as coisas que mais me chamaram a atenção:

  • Offtopic: a quantidade de frases, piadas, risadas, etc. envolvendo direta ou indiretamente o jogo era muito maior! Mas não estou reclamando, pelo contrário, eu ria muito e o jogo estava muito divertido. Pareceu, para mim, que as garotas se mostraram muito mais interessadas em se divertir do que terem aquele foco tão forte no desenvolvimento do jogo. Isso não foi incômodo, pelo contrário, me diverti bastante junto e em momento algum elas esqueciam que ainda precisavam seguir com a história.
rat-queens
Rat Queens é um quadrinho americano que conta a historia de um grupo de aventureiras em um mundo de fantasia medieval.
  • Combate: quando se tratava de combate a coisa mudava completamente, posso dizer até que o apego delas por suas personagens era louvável, pois qualquer ameaça fazia com que mudassem o tom rapidamente se tornando sérias e determinadas a vencer da maneira mais rápida possível. Isso não transformava elas em jogadoras sanguinárias, afinal houveram situações em que souberam poupar inimigos ou baixar as armas, mas dava pra ver o quanto se animavam quando rolavam um crítico contra um monstro ou o quanto congelavam ao verem dados baixos em suas defesas. Foi tão empolgante e elas expressavam tanto suas emoções em relação ao combate que eu até mesmo parei de usar o Escudo do Mestre e comecei a rolar em aberto para participar daquelas sensações. 
  • Personagens do Mestre: nas minhas experiências com PdM em mesas de jogadores masculinos, era muito raro haver apego emocional. Diferente disso, aqui as jogadoras davam muito valor aos PdM, como se fossem realmente jogadores ali. Ficavam tensas quando corriam riscos de vida e arriscavam suas personagens para salvá-los. Elas gostavam de desenvolver diálogos, saber passados, fraquezas, vantagens, etc., foi muito gratificante e tive de improvisar informações sobre certos PdM que eu não costumo precisar.
  • Cenário: nas minhas mesas com a maioria de jogadores masculinos o cenário costuma ter muita importância técnica para eles sendo necessário muitas vezes usar de tabuleiros ou grades. Para elas isso não chegou a ser necessário, mas minha descrição não parecia aprofundá-las o bastante para se importarem tanto com o cenário, entretanto, se tinha uma coisa que fazia com que elas sentissem muito bem o clima ou a situação ao redor era a trilha sonora. Elas se apegaram muito rápidos as músicas e mesmo que eu colocasse uma que não tinham ouvido, apenas pelo tom da trilha elas já incorporavam o que suas personagens deveriam sentir naquele cenário específico. Foi diferente, mas muito interessante.
  • Vilões: elas não se dispunham a sair matando todo e qualquer vilão que aparecesse meramente porque era uma possível ameaça. Sempre que foi possível dialogar com o adversário e chegar a um acordo, elas tentavam. Existiram vários jogadores nas minhas mesas masculinas que também faziam isso, mas eu nunca tinha visto a mesa toda pensar dessa maneira. As jogadoras eram menos voltadas a violência desnecessária, indiferente do prazer que sentiam ao vencer um combate.

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  • Sintonia: entre as jogadoras houveram discussões de opiniões leves, houveram momentos em que ficavam em dúvida, mas eu nunca havia visto um grupo com tanta sintonia. Elas chegavam em comum acordo muito rápido e aceitavam as ações umas das outras sem se voltar contra, mesmo que não concordassem. Não estou dizendo que eram perfeitas em equipe, mas sim que era impressionante como elas prevaleciam o bem do grupo para uma boa jogatina de maneira muito mais rápida e simpática.
  • Imersão: em termos de imersão, era notável que eram muito menos imersivas do que os grupos masculinos para quem tenho mestrado, entretanto, percebi que isso não era ruim e sim uma característica delas jogarem. Existiam momentos em que elas tomavam decisões baseadas mais em sua opinião como pessoa, do que pela personalidade da personagem, mas quando parei de olhar dessa forma e vi de outro ponto de vista, pude perceber que na verdade as personagens delas eram muito mais do que uma simples tendência seguida ao pé da letra. Eu poderia dizer que elas destrinchavam o limite de suas personalidades, mas era sempre para o bem do grupo e nunca para proveito de interpretação.

Enfim, era isso o que eu tinha pra dizer! Retomo mais uma vez que tudo isso foi dito baseado apenas nas minhas experiências e sei que quando se trata de humanos, cada um tem a sua. Espero que gostem e também espero poder ter mais jogatinas como estas!

Aos mestres do sexo masculino, já tiveram garotas em suas mesas? Já narraram para uma mesa só de garotas? Conta pra gente como foi a experiência! E as meninas? Como é jogar com mestres de ambos os sexos? Há alguma diferença? Conta pra gente nos comentários!

Para quem curtiu a thumb do artigo, a ilustração é do querido Jrolima.

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Angelo Moreira

Nas suas experiencias com mesas com a presença de garotas e garotos elas se comportavam da mesma maneira?
Já joguei com garotas que eram mais sanguinárias e qualquer outro membro da mesa.

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