Tem muita gente que vai dizer: “O RPG saiu do wargame, jogar com miniaturas é retrocesso!”, por favor não seja esse tipo de pessoa… Não há problema em gostar mais de um do que do outro, o problema aparece quando você simplesmente taxa outra maneira de jogar de retrógrada.
Quer dar um bom argumento se um é melhor do que o outro? Diga que jogou os dois e que sua história foi melhor contada de tal maneira e não de outra.
Antes de a gente começar a se espatifar e cair de murro um no outro… Vamos Explicar o que é o Teatro da Mente, e o que são Mapas e Miniaturas (Vamos chamar apenas de Grid), dentro do RPG… Se você sabe o que é pule para o que interessa…
Grid
Primeiramente grid pode-se traduzir como grade, porque no surgimento dos wargames, havia a divisão de todo o mapa onde iria ser realizado o combate em pequenos quadrados, que definiam posicionamento de tropas, bem como situações do terreno. Assim eles chamavam de Combat Grid, ou War Grid, em tradução livre Grade de Combate ou Grade de Guerra.
Também chamados de Tiles (azulejos), mas aqui nós estamos chamando de Grid, todo o conjunto de Mapas e Miniaturas.
Assim acho que a melhor definição para Grid é a que a Wizard of the Cost dá: Um acessório tático.
O grid te ajuda a criar o ambiente, principalmente de combate, e o Mestre e os jogadores, podem observar todo o terreno e assim criar todo um combate tático. Muitos RPGs são desenvolvidos para a utilização do Grid, sendo o mais famoso da atualidade a 5ª edição Dungeon and Dragons.
Teatro da Mente
O “teatro da mente” vem do jargão do rádio, onde o termo indica a habilidade, as ferramentas e as técnicas pelas quais os artistas de rádio evocam imagens vívidas nas mentes de suas audiências apenas através do som.
E o que tem haver com RPG?
É difícil dizer exatamente quando o termo foi apropriado pelo RPG. Provavelmente não há um autor, ou grande mestre por trás, provavelmente uma apropriação (no bom sentido) devagar ao longo de muitos anos em diferentes cantos da comunidade de RPG.
A frase certamente existe há um bom tempo – uma empresa chamada Theatre of the Mind Enterprises (tradução fuleira: Teatro da Mente Empreendimentos) vendeu suplementos de Chamado de Cthulhu no início dos anos 80, e a White Wolf publicou pela primeira vez seu sistema LARP do Mundo das Trevas com o nome de Mind Eyes Theater (tradução fuleira: teatro dos olhos da mente) em 1993.
Hoje, o “teatro da mente” preenche a necessidade de uma distinção entre estilos de jogos, dos que usam Grid como foco principal e dos que não o fazem.
Tendo em vista que, como já disse, o D&D veio do wargame e o sistema d20 vaio do D&D, e que por mito tempo estes dominaram o mercado quase que completamente, surgiu a necessidade de haver um termo para os sistemas que não compartilhavam da necessidade de Grid.
Acho que deu pra entender, né?
Não?
Então assim: Grid é da galera que joga com mapas e miniaturas e curtem um jogo mais tático e Teatro da Mente é daquela galera que curte o game mais narrado e descritivo (ou não tem grana para comprar os mapas e as miniaturas)
Beleza? Agora vamos para:
O que Interessa…
Primeiramente devemos esclarecer que o Teatro da Mente X Grid não é uma luta de quem é melhor ou pior, muito pelo contrário, ambas possuem pegadas distintas, ao ponto em que uma favorece um combate mais tático, a outra favorece um combate mais imaginado e limitado apenas pela descrição do jogador e o aval do mestre.
Vi em alguns blogs pessoas falando que combates em Grid são mais lentos, mas isso é uma injustiça, se as pessoas não estão acostumadas com aquele tipo de combate obviamente que o combate será lento, isso independe do Grid ou do Teatro da Mente, depende do costume dos jogadores.
Porque você está falando de combate?
Porque o ponto alto do Grid é o combate, se todos os personagens estão sentados em volta de uma mesa de uma taberna conversando e bebendo, o Grid pouco vai adicionar ali.
Os jogadores não vão pegar sua miniatura movê-la até o balcão para pegar mais cerveja, e depois faz sua miniatura fazer o caminho de volta, nesse caso o Grid diminuiria a dinâmica do jogo.
Então o que você deve pensar é que tipo de rolador(a) de dado você é. Alguns jogos nunca se deram ao trabalho de lançar uma linha oficial de mapas e minis, nem ao menos criar regras para a utilização da mesma, pois estes jogos são focados em descrição e na concepção de seus criadores o Grid seria prejudicial à emoção que eles queriam que seus jogadores tivessem.
Por exemplo, nem o Chamado de Cthulhu nem todos os cenários da White Wolf fizeram uso de Grid, até mesmo algumas versões de D&D não traziam essa necessidade, apesar de sempre incluírem regras para miniaturas.
Que fique claro que existem miniaturas de ambos os cenários, mas não são de suas empresas originais, normalmente de empresas focadas em Grid. A pesar de a Paradox estar se preparando para lançar um Board Game de Vampiro a Máscara, com belas miniaturas e tudo mais… quer que eu fale mais sobre esse boardgame? Comenta aí!
Esses jogos prezam pela estrutura narrativa. No vampiro a máscara 5ª edição, temos uma melhor discrição das disciplinas físicas (fortitude, rapidez, potência), mas as edições anteriores o jogo dava a chave de sistema, quais as alterações nas rolagens do dado, mas deixava a descrição solta. Era descrito assim: “Quão rápido é a rapidez? O quão rápido for necessário para seu jogo.”
Assim, ver esse game em grid, traz certo estranhamento, trazendo uma contagem de blocos de movimentação joga a narrativa no buraco.
Já outros games como Pathfinder 2ª edição e D&D5ª trazem várias regras que colocam os personagens nos tabuleiros. Não que ter o grid seja obrigatório, mas incentivado. Quer saber como narrar combates nesses tipos de jogos em Teatro da Mente? Comenta aí!
Ou seja, além de pensarmos Teatro da Mente x Grid, podemos pensar qual sistema escolher.
Teatro da Mente X Grid
Posso afirmar que qualquer experiência pura, ou seja, utilizar-se de um sem utilizar-se do outro, seria limitada, algumas pessoas afirmam que se sentem menos dentro do personagem, caso ele veja a miniatura lá, outros que o combate fica confuso e com necessidade de muita narração, quando não temos o Grid. Mas tudo o que eu falei, são experiências pessoais de jogadores, não verdades absolutas, nem podemos dizes que isso é um problema, apenas que aquele jogador específico não gosta.
Mas de fato existem certas limitações, um mapa muito grande de batalha pode dar muito trabalho para um mestre, ao passo em que uma perseguição em Grid seja um tanto quanto limitada, principalmente se estivermos falando de batalha com veículos.
Minha experiência com Grid é muito benéfica para ajudar jogadores a entender sobre posicionamento e utilização do terreno do jogo, inclusive para quando este mesmo jogador foi jogar em Teatro da Mente, pois ver o grid dá uma sensação mais familiar para quem não está acostumado a jogar RPG de mesa.
Outra vantagem do Grid, seria que os jogadores não perdem tempo perguntando se tem alcance para suas magias e projéteis, mas como já disse, jogos mais descritivos por vezes não são tão limitados com relação ao alcance das armas e magias. Pessoalmente falando nunca tive que parar o jogo uma só vez para dizer se havia ou não range, meus jogadores sabem pela minha descrição se há ou não. Por outro lado, às vezes perco tempo relembrando aos jogadores mais distraídos onde eles se encontram no campo de batalha.
O Grid também facilita na hora do planejamento do avanço, seja de combate ou de infiltração, mas isso pode ser resolvido tranquilamente com um mapa, com ou sem grid.
Uma desvantagem do Grid, seria caso o terreno seja muito grande, faz com que os jogadores acabem utilizando extrajogo (que saber sobre extrajogo? Clica aqui!), caso estejam em locais diferentes, por exemplo, cada player entra em um ponto diferente de uma mansão, eles vão acabar tendo uma visão da mansão como um todo, mas em contrapartida vão tomar decisões mais rápidas, pois o tempo de descrição será menor.
Apesar de nós do R2 preferirmos o Teatro da Mente, um é o complemento do outro. Quantas vezes no meio da partida o seu mestre sacou uma folha de papel e fez um desenho para o melhor entendimento do ambiente? Querendo ou não isso é um Grid.
Quantas vezes, apesar do mapa diante de você o mestre comentou do quão escuro está o ambiente, ou os barulhos e cheiros do local? Isso é Teatro da mente.
Usando ou não o Teatro da Mente ou o Grid, por favor deixe o preconceito e aceite ambas as experiências para uma sessão épica. E não é para isso que nós jogamos?
Agora fala pra gente… a melhor experiência de RPG de que você já teve, tinha ou não tinha Grid?
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