Histórias boas tem personagens profundos que se revelam ao leitor aos poucos. Histórias épicas fazem o mesmo com todo o universo criado.
Arlock – Uma aventura tecida com laços de sangue
Hevan é um elfo que cresceu sob a discriminação dos humanos. Seu pai adotivo o prepara para “seguir seu destino”, mas nada o deixaria pronto para os mistérios e as revelações que atingem o garoto.
Batalhas alucinantes, seres fantásticos, dragões e humanos mais monstruosos que tudo isso o esperam no mundo de Arlock.
Com a ajuda Sarah, Alana e Dart, Hevan segue sua jornada cheia de imprevistos e perigos, e descobre que em na terra de Ellora nada é o que parece…
Arlock – Um Conto de Ellora é um livro do escritor curitibano Thiago Pe, que o rendeu o cobiçado prêmio Wattys de 2018.
Uma aventura baseada nos RPGs de mesa, mas submetida a anos de árduo trabalho para que todos os detalhes se encaixem com harmonia e o mistério se desenrole com a maestria que poucos conseguem atingir.
Entrevista
R2PG: Como veio a ideia de escrever Arlock?
Thiago Pe: A campanha de D&D que originou Arlock aconteceu em 2003, mas as memórias e conversas nostálgicas continuaram pelos anos seguintes entre mim e os participantes. Volta e meia eu me pegava pensando no que foi legal, o que eu poderia ter feito melhor ou de diferente, e então comecei a bolar algo parecido com um “script” para fazer um jogo no lendário e famigerado RPG Maker. Depois que percebi como seria custoso fazer o jogo completo, aliado ao tempo curto por conta de trabalho e faculdade, desisti da empreitada, mas não da história. Anos depois (mais precisamente em 2012), decidi começar a escrever as ideias que tive, mais como uma forma de “tirar tudo da cabeça” e foi aí que começou.
R2PG: Quanto tempo você levou para completar a obra?
TP: Foram 5 anos para concluir a primeira versão, e mais ou menos 1 ano para refiná-la
R2PG: Está é sua primeira obra?
TP: Sim, embora tenha publicado quatro contos em antologias diferentes antes de Arlock ser lançado oficialmente: 2 contos de fantasia ambientados no mesmo universo de Arlock (O Grande Fabian, na antologia Magos, da Darda Editora e História em Chamas, na antologia Museu de Memórias, da Carreira Literária), 1 conto de distopia chamado (Des)esperança, também publicado pela Darda na antologia Últimos Dias e 1 conto de terror na antologia Galeria Clarke de Suspense e Mistério, da Editora Wish, intitulado Volúpia.
R2PG: Quais foram suas maiores influências para criar Arlock?
TP: Para a campanha de D&D, bebi muito da fonte de Senhor dos Anéis, pois foi bem na época que os filmes saíram no cinema e que eu terminei de ler a trilogia do Tolkien. Além disso, HQs, o desenho Caverna do Dragão, games de RPG como Final Fantasy e Warcraft e filmes de fantasia também foram parte das influências, que acabaram sendo carregadas no momento de escrever o livro e somadas a referências mais novas que usei ao refinar o enredo, também utilizando muito do enredo dos games (Skyrim, Assassin’s Creed, entre outros), filmes da cultura pop e elementos narrativos de livros como Guia do Mochileiro das Galáxias, Guerra dos Tronos e A Batalha do Apocalipse.
R2PG: Fale sobre você. Quem é a pessoa por trás de Arlock?
TP: Sou um típico nerd de HQ e games, amante de RPG, programador por profissão e escritor por hobby. Casado, 34 anos, pai de um menino de 5, curitibano até os ossos.
R2PG: Arlock tem um universo muito denso e consistente, desde a criação do mundo até às forças que o regem. Foi um desafio ou algo natural revelar isso tudo no livro?
TP: Foi um grande desafio, que inclusive me fez ter que reescrever boa parte da primeira metade do livro por duas vezes, para evitar furos no enredo. A minha intenção foi de tentar criar um universo que não fosse tão genérico a ponto de não conseguir fazer o leitor se envolver mas também algo familiar o suficiente para que também não exigisse muito do leitor na hora de entender a ambientação. O trabalho na criação dos pilares do universo de Ellora está descrito no site oficial do livro (www.arlock.com.br), tanto na área O Mundo de Ellora quanto mais especificamente no Glossário.
R2PG: Os personagens são igualmente profundos. Eles também vieram das campanhas de mesa?
TP: Os quatro protagonistas são baseados diretamente nos jogadores da campanha e alguns outros personagens foram baseados em NPCs menos importantes (como os irmãos anões, Bilwizz, Hadriel e, obviamente, o vilão da história). Porém, a grande maioria dos personagens secundários foram criados apenas para o livro, como forma de enriquecer o enredo e torná-lo menos linear.
R2PG: Como foi o processo de publicação de Arlock?
TP: Foi bem trabalhoso… Escritores(as) novatos(as) que não possuem um público já formado (muitos seguidores no Instagram, um canal de YouTube bem cotado, etc.) raramente têm oportunidade de publicação tradicional (aquela onde a editora custeia todo o processo de editoração e publicação). Foi mais de um ano procurando aprovação de editoras e meios de divulgar a obra, mas as aprovações vinham apenas de editoras que cobram para publicar. Já estava cogitando publicar de forma independente, até que a Editora Vicenza, uma editora nova no mercado, aceitou a proposta de publicar Arlock de forma tradicional. Embora o processo de publicação tenha sido um pouco conturbado (tivemos problemas com capistas, gráficas, atrasos nas entregas, entre outros), no fim o livro saiu. Por exemplo, a capa acabou ficando a mesma que criei no Photoshop para divulgar o livro no Wattpad, pois nenhum dos capistas contratados entregou a arte a tempo.
R2PG: Onde o pessoal pode comprar Arlock?
TP: No momento o livro está a venda nos principais e-commerces nacionais, como Americanas.com, Submarino e Magazine Luiza, além de ebook na Amazon. Também há uma opção de venda direito com o escritor em www.arlock.com.br/compre-agora“
R2PG: Qual sistema você usou para as campanhas que deram origem ao mundo de Arlock?
TP: Por incrível que pareça, embora a campanha tenha acontecido em 2003, ela foi criada com a primeira edição do D&D aqui no Brasil, distribuída pela Grow numa caixa que parecia de jogo de tabuleiro. Era uma versão antiga pra época, mas por ser mais simples e a única que eu realmente possuía em mãos, foi a utilizada naquele momento. Aproveitei para incluir algumas características do AD&D, como luta com duas armas, dano crítico dobrado, sub-classes (assassino, por exemplo), entre outros que, quem joga faz um tempo, vai conseguir identificar durante a leitura.
R2PG: Houve alguma cena que na mesa que acabou aparecendo no livro?
TP: Tiveram algumas! Pedaços das batalhas do fim do livro, a luta com os escaravelhos no início, algumas revelações que acontecem no ponto de virada no meio da trama, mas a que eu mais gosto é sobre uma ação de Hevan mais para o início da história, onde ele faz um ataque de arco e flecha que parece improvável, mas que o jogador realmente conseguiu fazer após tirar em sequência dois 20 no d20 e um 6 no d6!
R2PG: Um feito desses realmente merece ser registrado em um livro! Falando em feitos, você venceu o prêmio Wattys 2018 com Arlock. Como funciona esse concurso e o que significou para você vencê-lo?
TP: O Wattys é a premiação anual da plataforma de autopublicação mais popular da atualidade, o Wattpad. Todas as obras postadas lá ficam disponíveis para serem lidas gratuitamente e foi lá onde Arlock foi publicado pela primeira vez, para que eu pudesse ver se o livro realmente possuía potencial.
Qualquer autor da plataforma pode cadastrar sua obra para o Wattys durante o período do ano em que ela foi publicada, e no caso de 2018, foram mais de 24 mil obras concorrentes, de onde sairiam vencedoras em cada uma das 12 categorias criadas para o prêmio. No caso de Arlock, a premiação foi feita na categoria “Heróis”, uma das mais concorridas. A escolha dos premiados e em qual categoria elas se encaixam é feita por um comitê do próprio Wattpad, que avaliam as obras como verdadeiros críticos literários.
Saber da seriedade da premiação e a qualidade de vários dos demais vencedores foi o que me fez acreditar que valia a pena publicar Arlock.
R2PG: Realmente Arlock tem potencial e prova isso para todos os que lêem. Tem mais coisa desse universo em seus planos?
TP: Criei um conto originalmente para o Wattpad chamado Vulto, que narra um acontecimento do passado de um dos personagens de Arlock, e que publiquei como eBook na Amazon há poucos dias. Além disso, tenho algumas ideias de como explorar melhor o universo de Ellora criado para o livro, mas tudo dependerá de quantos leitores Arlock conseguir angariar.
R2PG: Você tem algum recado para os leitores do R2PG? Alguma consideração final?
TP: Arlock – um conto de Ellora é, acima de tudo, uma homenagem ao role-playing de mesa e um exemplo de como uma jogatina despretensiosa pode ser a fagulha para a criação de algo maior – não só pela história em si, mas pela amizade e cumplicidade entre os jogadores. Mantenham viva essa cultura e a apresentem para novas pessoas sempre que possível. Por fim, se Arlock os inspirar em novas campanhas e novas histórias, me sentirei um escritor realizado.
R2PG: Obrigado pela entrevista! Muito sucesso e realizações para você e sua obra!
TP: Obrigado pelo espaço e pela leitura, pessoal do R2PG! Sucesso para nós!