Fala roleplayers! Já aconteceu na mesa de vocês uma situação parecida a alguma dessas?
“Então surge um mago da multidão e diz…”
“Vocês estão montando o acampamento na clareira quando ouvem um farfalhar vindo do mato, quando vocês se viram para olhar um grupo de gnolls se revela saindo do mato fechado…”
“- Este é Ragnar, ele é o guerreiro mais forte de todo o reino…”
“- Meu personagem é medroso, se a situação ficar feia eu vou fugir…”
Esses são apenas alguns exemplos bem comuns que vemos em nossas mesas, mas que poderiam ser narrados de forma diferente, deixando a cena mais interessante, imersiva…
A forma como a informação é passada tanto do mestre para os jogadores quanto dos jogadores ao mestre é importante! Como falamos no texto sobre descrição, quando você simplesmente diz “vocês estão sendo atacados por um gnoll”, o jogador automaticamente enxerga aquele mostro como um conjunto de estatísticas. “Há é só um gnoll, monstrinho de ND 1, mato só numa espadada bem dada. ”
Mas se você descreve a criatura sem dar nome aos bois os jogadores se prenderão a sua descrição, e ao descrever uma criatura humanoide, peluda, com cara de hiena, uma juba cinza avermelhada de 2 metros de altura, com uma armadura de metal e um baita de um machado na mão, eu acho… só acho, que seus jogadores terão um pouco mais de cautela ao enfrentar um grupo de 4 ou 5 deles!
Então o que quero falar para vocês aqui é bem simples:
Mostre, não conte!
Este é um conceito muito famoso entre contadores de história (escritores, roteiristas, etc..), ao invés de você contar algo, como “o personagem X é forte”, mostre que ele é forte, crie uma cena em que esse personagem aparece metendo a porrada em um monstro ou em vários guerreiros.
E essa “técnica” pode e deve ser explorada não apenas pelo mestre, mas também pelos jogadores!
Ao invés de descrever “você vê um mago”, mostre que aquele personagem é um mago, não apenas pela descrição de suas vestes, introduza o personagem fazendo um feitiço, falando sobre magia, portando um item magico que manifeste algum efeito logo de cara.
Mestres!
Deixe os jogadores montarem em suas cabeças aquele personagem que você está apresentando, tirarem suas próprias conclusões sobre ele.
Obviamente que essa dica, serve não só para personagens, bem como para locais, e até mesmo cenas.
Você não precisa explicar tudo o que está acontecendo, às vezes os personagens estão perdidos diante do que se passa, e uma ótima forma de você ajudá-los a emergirem na situação, é deixando os PJs perdidos também.
Faça-os perderem turnos observando os arredores, para que você descreva melhor a cena enquanto a ação ainda estiver rolando. Então se os jogadores perguntarem algo em off, a não ser que você julgue necessário, não responda, mas explique por que você não está respondendo.
Não explique a cena, apenas a narre, se os jogadores tiverem dificuldade em entender eles vão indagar, e você vai aprimorando a descrição até que entendam, mas não mastigue a informação e passe para eles com um olhar externo da situação.
Tenha sensibilidade… saiba ver o mundo pelos olhos dos personagens dos jogadores e só repasse o que eles conseguem de fato perceber. Lembre-se que uma descrição de um local/cena, quando um personagem entra nela, e a descrição desse mesmo local/cena quando um jogador afirma que vai observar o local, podem ser bem diferentes uma da outra.
Às vezes até mesmo os menores detalhes, podem criar cenas interessantes que deixaram os jogadores intrigados.
Por exemplo: Após sofrer uma emboscada na floresta os jogadores encontram uma pequena casa, afastada da cidade, lá um homem de meia idade, com vestes de camponês, mãos calejadas (aparentemente de trabalhar nas plantações ao redor da casa) se dispõem a ajudar os feridos, ele passa algumas ervas nos ferimentos, depois junta as mãos e faz uma prece, ou ao menos é o que parece, já que ninguém presente entendeu sequer uma palavra do que o homem disse. Nesse momento as ervas apresentam um pequeno brilho dourado e os personagens sentem aliviar as suas dores.
O que esse homem era? Um druida? Um clérigo? Não sei, e nem os jogadores.
Uma dica mais hardcore, se você for um mestre veterano, tente narrar de maneira diferente dependendo de quem pergunta… Por exemplo, um guerreiro com background de soldado observando a taberna talvez note que certa mesa há pessoas que tentam esconder suas armas… detalhe este que pode passar desapercebido pelo ladino, com background de vigarista, que por sua vez percebeu que tem um grupo embriagado e apostando muito dinheiro nos jogos de carta… Já o mago, que passou sua vida em uma biblioteca, não percebe esses detalhes mundanos, mas percebe a áurea estranha emitida pelo dono da taberna, talvez ele seja algo mais do que um simples taberneiro e por aí vai…
Outros jogos, a própria distribuição de pontos na ficha pode influenciar, mundo das trevas, se alguém tem 3 ou mais em briga, pode perceber as cicatrizes nos punhos do homem que o contratou… Talvez ele tenha sido um pugilista.
Em Chamado de Cthulhu, alguém com mais de 90 em Pesquisar Biblioteca pode perceber um livro estranho e mal organizado na estante só de passar na frente dela…
Jogadores!
O mesmo vale para vocês, quando o mestre pedir a descrição de seus personagens pelo amor de Cthulhu, não me venham com “Sou um elfo mago”, “Meio-Orc Bárbaro”, não me digam “meu personagem é tímido…”, “meu personagem é um nobre…” e por ai vai.
Ao descrever seus personagens mostrem o que ele é, não apenas contem. Se seu elfo é um mago, não necessariamente ele precisa vestir um robe e andar com um cajado, mas em algum momento suas ações provarão do que ele é capaz.
Descreva a estética do personagem, sou alto, magro, olhos roxos, cabelo violeta, a ponta dos dedos está suja de tinta, tenho olheiras (não precisa explicar que as ganhou varando incontáveis noites estudando magia), etc….
Não saia afirmando sobre a personalidade do seu personagem aos 4 ventos, e interprete da forma que lhe for mais útil na situação. Se seu personagem é um cavalheiro, não apenas afirme isso para justificar alguma ação, aja de forma cavalheiresca e tente ser o mais consistente o possível.
Deixe rolar, e vá trabalhando na personalidade do personagem durante as sessões, deixe-se influenciar pelas situações, amadureça o personagem, trabalhe seus pontos fracos, mostre suas fraquezas e as explore. Se algo ruim acontecer a seu personagem deixe que ele seja afetado por isso, não apenas com pontos de danos ou penalidades na ficha.
Por exemplo, se seu personagem for traído por alguém que ele confiava, talvez isso abale sua confiança no grupo, talvez ele se blinde das pessoas ao seu redor para evitar que isso aconteça de novo.
Não precisa mostrar todas as faces de seu personagem no momento em que ele é introduzido na história, assim como falamos no artigo de descrição, aproveite as cenas para descrever detalhes sobre seu personagem, você tem a campanha inteira para mostrar quem ele realmente é!
Bom galera essa foi a dica de hoje, fazia tempo que queria escrever algo para os jogadores e não apenas para os mestres. E me deparei com esse tema e achei bem legal poder escrever para os dois!
E vocês o que acharam? Vocês já fazem isso em suas mesas? Querem mais material voltado para jogadores? Deixe um comentário para eu saber a opinião de vocês!
500 de XP e até a nossa próxima aventura!