El Shaddai – Time Devourer

Um jogo divino – não há descrição melhor para esta obra que vai surpreender seus olhos, encantar seus ouvidos e tocar sua alma.

Clique aqui e ouça a trilha enquanto lê o artigo!

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Um jogo fora de série em mutos aspectos

A Ignition Entertainment era uma produtora inglesa fundada em 2001. Em 2007 foi comprada pela indiana UTV Software Communications e renomeada UTV Ignition. Dois estúdios foram criados, um nos EUA e outro no Japão, que é o responsável por El Shaddai: Ascension of the Metatron, lançado em 2011 para PlayStation 3 e Xbox 360.

 

proposta

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Elementos de outras religiões se juntam à judaico-cristã no jogo

El Shaddai é uma obra focada em temas religiosos. A mensagem no início dizendo que o jogo fora feito por uma equipe multicultural de várias crenças denota que se trata de uma releitura que não segue fielmente sua fonte de referência.

Baseado no livro de Enoque, um apócrifo da Bíblia judaico-cristã, El Shaddai segue Enoque em sua volta para a Terra depois de ser arrebatado por Deus como conta o livro de Gênesis. Enoque é pai de Matusalém, o homem mais velho da história, e avô de Noé.

O livro apócrifo de Enoque

No livro de Enoque vários temas que não estão claros na Bíblia são abordados. Ele conta a história de anjos que desceram à terra e se juntaram ao mundo humano, chamados Vigias (watchers) ou Grigori. Eles teriam ensinado os homens a criar ferramentas e evoluir e teriam coabitado com humanos, dando fruto aos nefilins, homens gigantes e abomináveis. Escrito na língua ge’ez (usada na antiga Etiópia e arredores), não é considerado como divinamente inspirado pela maioria dos grupos religiosos.

Algumas fontes da literatura judaica indicam que depois do arrebatamento Enoque teve seu nome mudado para Metatron, o escriba celeste que registra os feitos do povo santo. Apesar de haver discussões a respeito, o jogo adota esta visão do subtítulo, que se manteve desde os primeiros conceitos do jogo, que no começo se chamava Angelic.

Se quiser uma ideia mais clara de como a religião e a criação de enredos se casam, confira este artigo aqui

 

o jogo

El Shaddai: Ascension of the Metatron é um jogo de ação em terceira pessoa ao estilo hack n’ slash. Entretanto, ao contrário da maioria dos jogos do gênero, El Shaddai foca em combates com poucos e fortes oponentes e não em miríades de capangas que caem com um golpe.

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Ataque, defesa, dash e purificação. Os quatro comandos que levam ao infinito

Todo a parte mecânica foca na simplicidade. Não possui HUD (mas pode ser habilitada ao completar o jogo uma vez) e utiliza apenas quatro botões de ação. Também só há três armas disponíveis no jogo. Parece um ponto negativo, mas na verdade é algo surpreendente. Cada arma muda totalmente o estilo de luta e há inúmeros golpes, contragolpes e quebras de defesa, mesmo sendo desferidos pelo mesmo botão.

Todas as peculiaridades da mecânica têm um significado. Se o jogador morre, ele pode voltar à batalha instantaneamente com um bom button smash. Isso significa que se tivermos força de vontade ainda há esperança, mesmo que tudo pareça perdido.

Armas

Três armas estão à disposição de Enoch em sua jornada. O Arch é uma lâmina rápida, o gale são projéteis de longo alcançe e o veil é um pesado escudo que se divide em duas luvas para força bruta.

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A ‘tríade do equilíbrio’ interrelaciona as armas

As armas possuem um sistema de purificação. Conforme se bate nos inimigos impuros a arma também se corrompe e vai perdendo a força. Enoch pode purificá-las para restaurar sua força, o que o deixa vulnerável por alguns segundos ou roubar a arma de um inimigo, o que não deixa a mesma brecha.

As armas não só mudam o estilo de luta, mas a mobilidade. A gale oferece dashes mais longos enquanto a veil quebra paredes que as outras não o fazem e o arch o mantém planando no ar por mais tempo. O cenário conta com partes em 3D e outras em sidescroll que contam com desafios de plataforma há muito esquecidos.

 

arte

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Enoch usando um gale

Sawaki Takeyasu dirigiu o jogo e desenhou os personagens. Ele foi o designer de personagens da série Devil May Cry Okami. Sua qualidade nas duas tarefas se mostrou suprema. Os detalhes modernos nos personagens, como jeans e celular contrastam com o clima sagrado do jogo, dando uma impressão atemporal perfeita.

A direção de arte do cenário é de Sotaro Hori, que criou temas extremamente originais que transportam o jogador para outro plano.

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Variados, originais e ricos

De temáticas cyberpunk a planos etéreos imateriais, tudo é repleto de detalhes e  riqueza. Filtros de pós-produção e inúmeros outros efeitos são usados para  causar diferentes sensações em cada ambiente.

Até a tela de pausa tem uma arte hipnotizante depois de certo tempo ativada.

 

enredo

Enoch foi arrebatado e se tornou o escriba celeste. Por vir do mundo dos humanos, ele possui o poder do livre arbítrio e a humanidade é notável por sua capacidade de evolução. Vários anjos conversavam com Enoch sobre como era a vida na Terra. Alguns ficavam maravilhados ao ouvir sobre o amor e outros sentimentos, outros desejavam ter a sensação de ter uma família e muito mais.

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A queda dos grigori é representada ao fundo

Um dia, o anjo Semyaza roubou as frutas da sabedoria, que continham conhecimentos direto do céu, e desceu para a Terra com mais seis anjos. A queda foi atribulada e alguns foram gravemente feridos.

Anjos na Terra

O objetivo dos Grigori era interagir ativamente com a  humanidade. Para isso, compartilharam as frutas da sabedoria com os humanos, que começaram a evoluir de forma não-natural. Em busca de refúgio e poder contra retaliações de Deus, fizeram um concerto com o rei das trevas, Belial. Este os deu armaduras e ajudou a esconder a torre onde eles residiam em um plano paralelo.

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Nefilins, filhos da corrupção

Além disso, coabitaram com eles e assim nasceram os nefilins, seres por fora pacíficos e amigáveis, mas que sentiram em sua essência a corrupção que os trouxe à existência.

A profunda e incessante angústia dos nefilins os fazia comerem uns aos outros como única forma de livrá-los da miséria. Quando um nefilim come outro, seu tamanho aumenta, assim como sua corrupção, até um ponto onde sua falta de controle se torna devastadora.

Decisão celeste

O conselho celeste resolveu acabar com toda a perversão que a humanidade havia sofrido por conta dos anjos caídos por meio de um diúvio. Porém Deus quis tentar evitar tantas mortes e enviou Enoque para subjugar e prender cada anjo.

Contando com a ajuda de Lucifel, o braço direito de Deus e os arcanjos Gabriel, Uriel,Miguel e Rafael, Enoque é inteirado do plano divino e começa sua jornada de volta à terra. Enquanto procurava pela torre dos Grigori, interagiu com os humanos novamente e fez amizades.

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Ishtar, a guerreira benevolente

Durante sua busca o enviado dos céus descobre um grupo que não havia se contaminado com os vigias. Chamados de ‘homens livres’, ou freemen, o grupo liderado por Sin acreditava na profecia de Ishtar, uma mulher que tentou ajudar os nefilins e acabou tragada pela escuridão de Belial. Ela profetizava a vinda de Enoque e seus seguidores acreditavam que Ishtar voltaria.

Depois de procurar por 300 anos, Enoch finalmente encontra a torre. Agora a missão de Enoque realmente começa. Ele caça os Grigori em cada andar da torre. As ambições dos anjos e a ingenuidade humana se juntam para criar vários mundos por onde Enoque passará para cumprir a vontade de Deus.

 

música

Masato Kouda e Kento Hasegawa, (ambos trabalharam na série Devil May Cry), Shiro Hamaguchi e Shiro Hamaguchi (ambos trabalharam na série Final Fantasy)  que foram para a UTV Ignition compuseram a trilha sonora de El Shaddai. 

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O disco duplo lançado um dia antes do próprio jogo

A trilha sonora de El Shaddai contém um clima geral celeste, com uma grande orquestra e coral. Porém a tensão necessária a um jogo de ação está bem presente.

Alguns temas são recorrentes, sempre mudando de arranjo. Isso é facilmente notado nas recorrentes batalhas contra os chefes.

Além da orquestra, pitadas de rock e eletrônica se fazem presentes em alguns momentos propícios.

A trilha foi lançada em um CD duplo. O primeiro disco contém 33 faixas e o segundo, 28. Cada cutscene do jogo contém várias músicas curtas, que no CD são dispostas em medleys.

 

comparações com os escritos

Os anjos citados no livro de Enoque não são os rebeldes que foram expulsos com Lúcifer (estes haveriam caído antes da criação de Adão). No jogo, Lúcifer não existe e Lucifel, que seria seu equivalente, não se rebela contra Deus.

O senhor das trevas no jogo é Belial, que também é usado para se referir a Satanás na Bíblia, mas não há indícios de que ele originalmente tenha sido um anjo.

Ishtar é uma deusa babilônica que não existe no judaísmo, apesar de ser citada quando alguns de Israel se desviam de Deus e passam a adorar Astarote (outro nome da deusa). Ela é filha de Sin, que também aparece no jogo e não tem relação com a palavra em inglês para ‘pecado’.

Ishtar é atribuída principalmente à fertilidade, assim como Afrodite. Ela aparece no épico de Gilgamesh, a história mais antiga de que se tem notícia, com uma personalidade mimada e birrenta. Ela ameaça destruir a humanidade com um verdadeiro apocalipse zumbi, tenta se deitar com Gilgamesh e mata seu amigo Enkidu.

 

legado

Duas séries de mangás foram feitas sobre o jogo: El Shaddai Gaiden Exodus conta eventos de antes do jogo e El Shaddai Ceta relata eventos após o jogo.

O diretor do jogo Sawaki Takeyasu lançou em 2017 o RPG The Lost Childque se passa no mesmo universo de El Shaddai e contém Enoque e Lucifel. O jogo foi feito pela Kadokawa e virá para o ocidente em 2018 no PS4 e Vita.

 

um jogo divino

Tudo neste jogo dá uma sensação de originalidade. A arte, as mecânicas, o game design, tudo surpreende. Não é à toa que este jogo me fez quebrar o protocolo de só falar sobre jogos com 10 anos ou mais. Não posso esperar para espalhar essa semente, que eu espero do fundo do meu coração que faça com que mais pessoas se maravilhem como eu fiquei maravilhado.

 

 

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Aspdimitri

Só o Time Devourer (Gabriel) pra achar um jogo bom lançado para o PS3
kkkkkkkkkk

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