Com o primeiro live action da pioneira série cyberpunk Ghost in the Shell bombando por aí, resolvemos mostrar o fantasma por trás da concha, Masamune Shirow.
A maioria das obras de Shirow se tornou franquias de animações, jogos e etc. Entretanto, aqui vamos falar somente do que ele realmente pôs a mão para fazer, até porque o Dimitri já jurou que o primeiro filme de GITS é bom.
o cara
Masanori Ota é um desenhista/mangaká japonês nascido em 1961. Seu pseudônimo é Masamune Shirow, referência ao lendário ferreiro.
Seu estilo de história é muito mais subjetivo que a média desse tipo de mídia. Sem uma certa noção dos temas tratados, principalmente quando se trata de política, é difícil compreender o que está acontecendo.
Ghost in the Shell é um ótimo exemplo da complexidade das tramas de Shirow. As missões são apresentadas e resolvidas, mas sua causa ou outro tema principal são muitas vezes explicados de forma implícita, fora da ação principal e sem gastar espaço exclusivo na ação.
Shirow se formou em engenharia mecânica, e usa seu conhecimento em várias tecnologias originais em suas histórias.
Seu traço carregado é praxe dos anos 80, mas em seu caso os detalhes possuem uma grande base de estudo. Cada arma, acessório ou movimento de determinado personagem foi pensado cuidadosamente para ser apresentado.
Um exemplo interessante é a pistola de Deunan Knute em Appleseed. Uma edição especial de 100 anos da marca fictícia Seburo, com vários detalhes exclusivos. Motoko Kusanagi também usa armas da Seburo em Ghost in the Shell, mas as duas obras não ocorrem no mesmo universo.
obras escritas
Black Magic
Enquanto estudava pintura a óleo na Universidade de Artes de Osaka, criou seu primeiro mangá em série, Black Magic. A obra é uma história futurista, com a humanidade vivendo em Vênus.
Black Magic foi publicado em 1983 e interessou um diretor de uma revista maior, a Seishinsha, que se ofereceu para publicar novos trabalhos de Shirow.
Appleseed
O primeiro trabalho na Seishinsha foi Appleseed, um grande sucesso e referência no gênero cyberpunk desde 1985.
O mangá conta a história dos ex-militares Deunan Knute e Briaeros Hecatonchires na utopia pós-terceira guerra mundial. Depois de chegar à ilha artificial de Olympus, ao noroeste da África, o casal tenta procurar serviço militar em uma sociedade á primeira vista perfeita.
O nome da obra vem de uma missão em que Briareos usa uma semente de maçã no lugar de uma bala para desarmar uma delicada bomba.
O aspecto militar e a trama política fazem de Appleseed um suspense militar de primeira classe, aproveitando ao máximo o cenário futurista com novas tecnologias e até tipos de sociedades. A premissa de ciborgues é muito utilizada e variada, com tipos únicos e detalhados.
Dominion
Com um ar cômico incomum do autor, Dominion foi publicado em 1986 e segue as aventuras de uma unidade policial especializada em tanques.
Na cidade japonesa fictícia de Newport, onde a poluição chegou a um nível onde não se pode sair para as ruas sem máscaras, Leona e sua equipe enfrentam Buaku em suas tentativas de roubos.
Em 1995 Dominion C1 Conflict rebootou a série.
Ghost in the Shell
Em 1989 Kokaku Kidotai – the Ghost in the Shell foi lançado pela Kodansha. Uma das grandes diferenças no aspecto futurista de Shirow foi a implementação da rede. Isto abriu um leque enorme e muito bem explorado nos acontecimentos da obra.
A narrativa segue as missões da major Motoko Kusanagi e sua equipe, a Seção 9 de Segurança Pública em vários conflitos políticos.
A tecnologia, principalmente de ciborgues é muito coerente e Shirow usa a obra para mostrar como a sociedade mudaria com estas novidades.
A major não é somente uma boa agente de campo, é também uma hacker ‘classe super-maga’. A batalha de rede se tornou crucial e mudou o aspecto dos campos de batalha conforme os ciber-cérebros foram sendo implementados durante a terceira guerra mundial.
Em um mundo pós-guerra muito menos caótico do que o de Appleseed e em uma Newport mais limpa que a de Dominion, corpos protéticos põem em dúvida o que é ser humano e ameaçam a perda da própria alma.
Ghost in the Shell 2
Ghost in the Shell 2 – Man-machine Interface é um mangá de 2001, feito todo digitalmente. Vários anos depois do primeiro mangá, Motoko, agora com o sobrenome Aramaki, saiu da Seção 9 e trabalha como consultora de segurança para uma grande corporação enquanto secretamente usa seu estado evoluído para resolver crimes por todo o mundo, controlando vários corpos protéticos.
Sua evolução começa no primeiro mangá, e não explicaremos aqui por ser um grande spoiler.
A série lida com temas filosóficos e religiosos e concilia isto com os problemas já tratados no primeiro mangá de forma muito interessante.
Ghost in the Shell 1.5
Ghost in the Shell 1.5 – Human-error Processor saiu em 2003, interpelando os dois títulos anteriores. Eles são casos criados entre 1993 e 1995 e voltam a se aproximar mais do estilo do original.
A obra segue a Seção 9 depois de a major deixar a equipe. Ela ocasionalmente aparece, já mais evoluída que no primeiro mangá, e geralmente faz o papel de deus ex machina.
Orion
Tecnologia e magia se encontram nesse mangá de 1991. A religião não é só um aspecto filosófico em Orion, mas parte essencial desta história de ação espacial.
O Império Galáctico é formado por 25 mundos, interligados por naves movidas a poder mágico.
Um dos 25 mundos, o Império Yamato, tenta destruir todo o karma negativo da galáxia por meio de um reator com capacidades mágicas. Mas o preço a se pagar por isso leva a grupos tentando dissolver este plano, e uma batalha que pode mudar a galáxia para sempre começa…
Artbooks
Masamune Shirow fez vários artbooks que foram compilados ao longo da carreira. Muitos deles são eróticos.
Animações
Ghost Hound
Ghost Hound se passa em tempos atuais em uma pequena cidade japonesa. Foi ao ar originalmente em 2007.
Vários acontecimentos paranormais vêm acontecendo e três jovens com experiências traumáticas no passado se vêem com a habilidade de entrar no mundo espiritual.
Um sacerdote shinto e sua filha também se envolvem nos mistérios da cidade.
Real Drive
RD Sennou Chousashitsu é um anime de 2008 em que Shirow explora sua bagagem de uma forma impressionante.
Unindo o tema de uma ilha artificial utópica de Appleseed e o uso de ciber-cérebros de Ghost in the Shell, o anime conta como a rede conhecida como Metal começou, sendo baseada no mar.
Um mergulhador chamado Haru que testava a tecnologia meta-real sofre um acidente em 2011 e só acorda 50 anos depois, encontrando o mundo e a sociedade totalmente diferentes. Ele recebe os cuidados de Minamo, uma estudante que acabava de chegar à Ilha Artificial.
Juntos os personagens resolvem problemáticas resultantes da nova utopia baseada na rede da ilha.
jogos
Shirow também trabalhou em jogos, como na ilustração de Fire Emblem: Shadow Dragon, para DS e o shooter Horned Owl, para arcade e PSX.
Um autor a ser seguido
Masamune Shirow é sem dúvida uma grande fonte de inspiração para qualquer fã de ficção científica e um grande material para leitores interessados em histórias mais sérias e profundas.
É isso, fica a dica pra boas leituras, além das animações das franquias e os animes que ele mesmo fez. Não fiquem só no filme de Scarlett e vão ler o original pra ter o que falar a mais com a galera haha.
Esqueci alguma coisa? Lembrei de coisa demais? Comente, sugira – estamos aqui para isso!!
Appleseed tem uma (ou duas sei lá) adaptações em longa metragem de animação. Vale a pena da uma conferida e tem na Netflix.
mas peraí, tu não é o cara dos retro games?
Sou, mas eu q manjo mais ou menos desse cara.
Não me ponha no estereótipo kkk