Dice Slaves

Eu normalmente faço artigos que estão ligados diretamente ao ato de criar, então normalmente não são exclusivos para o público RPGista, mas este texto será diferente. Infelizmente se você não é um RPGista pode ir ler outra coisa, recentemente um peixe meu lançou um artigo sobre Chrono Trigger, que tá uma delícia.

Pra você que é um RPGista das antigas pode estar pensando que Dice Slave tem alguma coisa a ver com Dragon Slave, que é uma magia extremamente poderosa, também foi uma das poucas revista de RPG que logrou grande sucesso e circulação por estas terras tupiniquins.

Mas não, Dice Slaves são um tipo de jogador. Calma, aqui não é uma daquelas listas que trata tipos de jogadores e como lidar com eles.

Primeiramente quero dizer que quando falei jogadores ali em cima, me referia tanto aos players, quanto aos mestres, todos podem sofrer do mal de Dice Slave. Mas do que se trata isso? Gente Dice Slaves são homens e mulheres que acham que os dados, são tudo dentro de um RPG.

CALMA, CALMA, CALMA…

Não vai embora, deixa eu me explicar…

Não sou nenhum revolucionário, ou questionador da ordem como alguns dos meus parceiros aqui do R2PG. Só que você deve controlar o jogo e não os dados, pois essas pequenas coisas que em sua maior parte cabem dentro de nossa mão podem acabar estragando uma boa partida e eu quero lhe mostrar que você não deve deixar isso acontecer.

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Nossos dados são grande parte do ato de jogar RPG, afinal sua aleatoriedade faz grandes feitos cenas engraçadas, e coisas cotidianas atos heroicos e eu jamais gostaria de tirar isso do jogo de vocês.

Mas você já ouviu falar da fábula do Urso e da panela?

O URSO E A PANELA

Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento.
A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores.
Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida.
Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo.
Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo.
Na verdade, era o calor da tina…
Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava.
O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida.
Começou a urrar muito alto.

E, quanto mais alto  rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo.
Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia.
Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida.
O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.

Pois é, por vezes nós nos abraçamos aos dados como o urso abraçava sua panela. Eu posso falar isso, pois já fui apegado desta maneira.

Qualquer um que tenha jogado RPG pela década de 90 topou com Vampiro a Máscara. O livro fala que é um jogo voltado mais para a interpretação, mas se você jogou deve lembrar de como as pessoas eram apegadas ao seus dados.

Cena que presenciei jogando VaM, jogador amarrado numa cadeira, com uma arma apontada para sua cabeça ameaçava seus captores, pois sabia que os mesmos tinham uma grande chance de errar mesmo naquela situação, pois tudo dependia da mão do mestre.

Adivinhem? Esse NPC errou o tiro…

Mas o que fazer? Ignorar o sistema de regras? Você disse que não era um perturbador da ordem… E agora está parecendo V de Vingança.

CALMA…

O próprio sistema de regras de Vampiro a Máscara, e de todo RPG que se prese, tem a cláusula de acerto automático e/ou alteração da dificuldade padrão… Mas as pessoas temem em usar isso em combate.

live_by_the_dice_by_odelay-d1dlb58Se aquele NPC estivesse atirando em uma porta, o mestre não rolaria dados, não é mesmo? O próprio Chronicle of Darkness sistema sucessor de Wolrd of Darkness, o qual Vampiro a Máscara faz parte diz que a quantidade de dados rolado tem a ver com a situação que se apresenta, a quantidade de dados que o NPC rolaria pra acertar o jogador amarrado é totalmente diferente da qual ele rolaria para acertar o mesmo jogador desamarrado e escondido atrás de uma parede.

Pra quem ainda não entendeu , o que estou tentando dizer aqui é: tenham bom senso. Não precisa fugir das regras para alterar as jogadas padrões. Existem certos objetos que podem te ajudar, mas se você não tomar cuidado, eles vão te controlar e não o contrário, como o dinheiro, como uma arma e o dado é igual à estes objetos para um RPGista.

Saiba usar os dados corretamente para não se tornar um Dice Slave.

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Thiago Rosa

“(…) a quantidade de dados rolado tem haver com a situação (…)”

O correto é “tem a ver”. “tem haver” não existe.

Ary Eyan

Gostei do texto, eu faço algo parecido durante minha campanha, mas infelizmente de uma forma bem injusta, quando eu entro no momento “cutscene”, que eu quero que tudo aconteça de uma maneira especifica eu ignoro os dados, apesar dos jogadores ainda poderem fazer oque estiver ao alcance, algumas vezes sem sucesso. eu gosto de narrar certas ocasiões e infelizmente nada vai me parar kkkkk.

r2pg

Ou felizmente… se sua mesa gostar não tem problema nenhum!

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