Ridge Racer é uma série de sucesso desde seu nascimento. Seu quarto título para os consoles foge do conceito arcade original e apresenta uma experiência nunca vista antes ou depois em um jogo de corrida.
Clique aqui e ouça a trilha enquanto lê o artigo!!!
R4: Ridge Racer Type 4 foi lançado pela Namco somente para PlayStation em 1998. Desde que comprara a divisão japonesa da Atari, a antes chamada Nakamura Manufacturing trouxe ao mundo inúmeros jogos que marcaram gerações. Em R4 como em outros da série, referências a vários desses títulos podem ser encontrados.
A Série
Antes de R4
Ridge Racer foi lançado em 1993 para os fliperamas no System 22, um modelo da Namco. Saiu no ano seguinte para PSX como título de lançamento do console. Este título foi lançado no mesmo ano de Daytona USA, da Sega, hoje o arcade de mais sucesso da história.
Mesmo ao lado desse titã, o jogo da Namco obteve o sucesso merecido. Sua mecânica voltada para o drifting foi a primeira que realmente deu a sensação e a estética que a técnica apela ao jogador. A música eletrônica, então em alta (e bem diferente da que se faz hoje) já dizia a qualquer que passasse perto da máquina de que jogo se tratava.
A receita se repetiu com sucesso nos arcades e consoles, mas não com os mesmos títulos. Ridge Racer 2 e Rave Racer só podiam ser jogados nos fliperamas, enquanto Ridge Racer Revolution e Rage Racer eram exclusivos do PSX.
Depois de R4
Ridge Racer V voltou às raízes de que seu predecessor fugira um pouco, mas de um modo infeliz. A partir de então, várias versões para sistemas móveis foram lançadas.
A série teve um título de lançamento para várias plataformas: PSX, PS2, DS, PSP, Xbox 360, PS3, 3DS e Vita.
Os jogos do PSP são praticamente um museu da série, com pistas, carros e músicas de praticamente todos os jogos anteriores. Recomendado para quem quer aprender mais com um jogo de alta qualidade.
Depois de Ridge Racer 7, que nasceu junto com o PS3, muito tempo se passou sem que a série fosse revisitada nos consoles. Em 2012, Ridge Racer Unbounded também fugiu do conceito original, focando em elementos de destruição, provavelmente pela lacuna deixada pela falta de um novo Burnout no mercado.
O último Ridge Racer lançado foi o Slipstream, para Android e iOS em 2013.
A série nunca precisou de licenças de carros, pistas ou músicas. Todos os jogos trazem merchandising de outros títulos da Namco de todas as épocas e os carros originais são reutilizados e evoluídos no decorrer dos anos.
O Jogo
R4 foi um projeto que reinventou o estilo Ridge Racer. É o único da série a se situar no mundo real, possui um enredo e a trilha sonora muita mais suave. Enquanto seu irmão mais velho teve de batalhar
com Daytona USA, R4 não teve nada menos que Gran Turismo no páreo. E também se saiu bem na briga.
Rage Racer foi o primeiro a trazer um sistema de campanha mais elaborado que o simples arcade, e R4 se aprofundou ainda mais, criando uma trama contada de maneira muito original.
Também aproveitando a maior coerência de Rage Racer, marcas de carros fictícias
continuam a aparecer em R4. Muitos carros voltam e novos são adicionados, incluindo um secreto, o Pac-Man Car.
O controle especial do jogo, o JogCon, possui um pequeno volante onde ficariam as alavancas analógicas do Dualshock. Com sistema de force feedback que antes só era visto nos melhores volantes e fliperamas, a ideia é boa, mas o material usado deforma rapidamente com o uso e compromete a experiência.
Na edição especial um segundo CD com o primeiro Ridge Racer em rodando 60 FPS vem incluso.
O Pocket Station pode ser usado para transferir carros de um memory card para outro.
Enredo
O campeonato Real Racing Roots é um tradicional e importante evento no mundo do automobilismo. Em 1986 o maior piloto até então na competição, Giuliano Gilbert, perde a vida em um trágico acidente envolvendo seu colega de equipe, Shinji Yazaki. 13 anos depois, um novo piloto se encontra com a chance de mudar a vida de seus companheiros de equipe para sempre.
A edição de 1999 do RRR divide o calendário entre Japão e EUA. Quatro fornecedoras de carros de vários países marcam presença e quatro equipes estão na disputa:
Dig Racing Team (inspirada em Dig Dug), sediada nos EUA. Grande vencedora no passado, se vê em seu pior momento e sua diretoria não parece ser capaz de reverter a situação.
Racing Team Solvalou (inspirada em Xevious), uma equipe italiana. Chefiada por Enki Gilbert, ‘o leão’, a maior potência do campeonato continua mostrando sua força.
Micro Mouse Mappy (do jogo Mappy), da França. Sua consistência pode ser comprometida pela troca de donos ou garantida pela troca de gerentes.
Pac Racing Club (Referência ao Pac Man), de origem japonesa. A única nova equipe da competição tem boa estrutura e um gerente capaz, mas que ainda precisa se libertar do passado.
Onde entra o jogador
A partir desse cenário, o jogador começa escolhendo para qual equipe correr. Diálogos ocorrem antes e depois de cada corrida. De acordo com os resultados das corridas, os diálogos mudam, revelando outros detalhes na trama.
Cada equipe possui um personagem que auxilia o jogador. Todos eles têm uma motivação pessoal por trás do troféu de campeão e acabarão dependendo do piloto para realizarem seus sonhos.
Poucas histórias relacionadas a corridas dão certo, seja na mídia que for, e ainda menos têm uma abordagem e personagens tão profundos. Os diálogos são curtos, mas conforme o jogador explora as várias vertentes da trama descobre se tratar de um roteiro muito bem elaborado com uma trama consistente.
Arte
O jogo trás uma abordagem visual que pretende impressionar pela qualidade, usando o máximo que o PSX tem a oferecer. A abertura chama atenção e o jogo não pára de agradar daí em diante.
A cor predominante é o amarelo e os menus seguem um design ousado e vivo. Detalhes no funda da tela não param de se movimentar nem nas telas de loading entre os menus e combinados com a música dão vida ao jogo praticamente antes de ele começar.
A variedade de expressões para os personagens e a troca frequente entre elas também afastam a mesmice para longe.
Os carros são ricos em detalhes e originais em design. Cada montadora segue um estilo distinto que condiz com seu comportamento na pista.
Efeitos de blur e rastros de luz das lanternas deixam os replays mais interessantes, além da variedade e inteligente jogo de câmeras.
Game Design
A campanha, ou Grand Prix Mode, é o modo principal do jogo. É curta, possuindo 8 corridas e não exigindo mais que 2 horas para completá-las. Porém, a quantidade de conteúdo a desbloquear e a variedade de opções dão um fator de rejogabilidade praticamente obrigatório.
É possível escolher a equipe e a montadora no início do campeonato. 16 combinações são possíveis.
As corridas são separadas por baterias. Ao final de cada uma, um novo carro é entregue, dependendo da performance do jogador. As combinações de posições possíveis mais as equipes e montadoras podem desbloquear 316 carros. De acordo com a montadora, os modelos se repetem para cada equipe, mas sua performance muda de uma para outra, senda assim considerados carros diferentes.
Cada bateria tem uma posição limite para classificar o piloto para a próxima corrida. O jogador tem 4 chances para fazê-lo. As falhas não afetam a combinação para desbloquear itens, mas podem modificar os diálogos.
As marcas dos carros influenciam em suas características de direção. Assoluto e Lizard são focadas em drift enquanto Âge Solo e Terrazi se baseiam no grip.
Outros modos
Mais quatro carros são desbloqueáveis no modo Extra Trial. Um protótipo de cada montadora pode ser desafiado para uma corrida 1×1 e são o prêmio caso o jogador os vença. Ao conquistar todos os carros, o Pac-Man Car fica disponível, junto com um remix do tema do Pac Man para ser ouvido durante as corridas.
No modo garagem o jogador pode visualizar seus carros e pintá-los para usar nos modos fora da campanha. Vários emblemas de jogos da Namco também pode ser conquistados e customizados.
De acordo com a performance na carreira, um determinado troféu é ganho e pode ser visualizado na sala de troféus.
Time Trial e Versus estão presentes, e há possibilidade de conectar dois consoles no multiplayer.
A música de R4
Hiroshi Okubo, que na época já era compositor de longa data na casa, chefia o som de um Ridge Racer pela primeira vez com a equipe Namco Sound Team. Ao contrário da rave da equipe Sampling Masters que se ouve em títulos anteriores da série, o acid jazz é a base para as faixas.
O uso de instrumentos sintéticos, mas com um som limpo e suave embala o jogador do início ao fim. O baixo proeminente dá um balanço complexo, mas envolvente enquanto detalhes minimalistas preenchem qualquer lacuna que poderia existir.
A participação da cantora Kimara Lovelace, da produtora King Street Sounds, foi a primeira colaboração da casa com a Namco de muitas que viriam.
A mixagem das músicas é praticamente perfeita. Pode-se ouvir cada detalhe em qualquer TV de tubo stereo comum na época do PSX. E pessoalmente, ouço essa trilha há 10 anos e ainda descubro algo novo com frequência.
O Álbum R4 – Ridge Racer Type 4 Direct Audio foi lançado em 1999 e contém as 25 faixas do jogo, incluindo a secreta.
Uma joia a nosso alcance
Praticamente todo fã de Ridge Racer considera R4 como o melhor da série, que infelizmente nos últimos tempos tem perdido sua essência. Mas o fato desse título ainda estar disponível e ter resistido à ação do tempo com uma jogabilidade maravilhosa e rejogabilidade convidativa é motivo de alegria.
Desde 2011 o jogo esta disponível na PSN para PS3 e PSP. Mas mesmo que seja em um emulador, a experiência continua sendo marcante.
Derrapando para o passado
ISO – cortesia da grande iniciativa ReDump
Emulador de PSX – Para vários SOs
Direct Audio – Pessoalmente, o melhor álbum que já ouvi, incluindo os que não são OSTs
É isso por essa semana galera. Para seu RPG, o modo de contar a história por meio de diálogos curtos e casuais e não por uma narrativa convencional pode enriquecer o seu uso de NPCs.
Até mais e paz!Save
