O que é cultura? Cultura, nada mais é, do que todo um complexo que inclui o conhecimento, arte, crenças, leis, moral, costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano. E o ser humano adquire tais hábitos pelo meio, ou seja, pela sociedade o qual ele é inserido, alguns acreditam que tudo vem da família, mas até mesmo a família provém da cultura, e como tudo na cultura muda no tempo e no espaço, pois uma família no Brasil não é a mesma coisa que uma família na Índia ou mesmo no brasil há 50 anos atrás.
Já que estou em ritmo de olimpíadas –apesar de sempre falar copa, ao invés de olimpíada- nesse primeiro Subindo o Nível Cultural, vou falar sobre o esporte no mundo medieval.
O Esporte no Mundo Medieval
Apesar de nosso país está ganhando menos medalhas do que países que tem um IDH irrisório tem muita coisa interessante acontecendo nessa olimpíada. Começando com as mulheres de várias modalidades humilhando as nossas seleções masculinas, e a endless zueira do brasileiro pra cima de quem falou sem pensar do nosso povo ou da nossa cultura.
E é nesse apego à cultura que eu vos trago esse Subindo o Nível Cultural. Para que você possa pensar fora da caixa e trazer esportes divertidíssimos para seu RPG.
Mas antes de mais nada, é bom explicar o que eu quero dizer com mundo medieval, tratarei de esporte num Mundo Medieval, não estou tratando de esporte medieval no nosso mundo, não estou trazendo um simples apanhado histórico, estou mostrando como pode ser utilizado o esporte em um mundo medieval de RPG, como o mundo de Tormenta, Dragon Age, etc…
Vamos lá, inicialmente vale ressaltar que a competição é algo natural do ser humano, quando você é bom em algo você gosta de colocar a prova, ver se é melhor que o outro, lutar e vencer. O capitalismo basicamente é baseado em competição, melhor salário, melhor emprego, melhor carro, melhor casa, sempre buscamos uma medalha.
Pois não há maneira melhor de saber quem é melhor do que com uma competição. E o esporte basicamente surgiu disso, quem é o melhor guerreiro? O melhor caçador? A melhor vila? Os esportes surgiam de atividades corriqueiras extremamente necessárias para a vida naquele tempo, algumas eram úteis para a sobrevivência do homem, como a corrida e a caça. Outras eram mais uma preparação para guerras, como a esgrima e as lutas (TUBINO, 2010).
Muitas dessas práticas se perderam o se modificaram para melhor adaptação nos dias de hoje, lembrando que alguns desses esportes podiam levar os competidores a óbito. Por isso essas práticas são chamadas de pré-esportivas, mas nesse texto vamos chamar tudo de esporte.
Trazendo para o mundo medieval, cada vila pode ter seu principal esporte completamente diferente, na série da MTV The Shannara Chronicles, a cidade élfica tem como principal tradição uma corrida onde os participantes são vendados e tem suas mãos amarradas atrás do corpo e devem correr freneticamente pela floresta desviando de árvores e galhos apenas com os outros sentidos e suas lembranças de como é o percurso.
Imagina o nível de perícia que seus jogadores ou seus personagens vão ter de demonstrar para vencer essa prova. Muitas vezes você está jogando RPG e quer ser um aventureiro, mas acaba virando office boy, por exemplo:“Preciso dessa espada para matar o Rei Dragão, mas para pegar a espada você precisa da joia da coroa do Rei élfico, que diz que lhe dará caso você recupere sua filha, mas para resgatá-la você precisa da manta do mago que promete dá-la a você caso pegue a poção de um alquimista anão que disse que lhe dará a poção caso…”
Imagine ao invés disso o Rei ser relutante com relação à sua coroa, mesmo com os personagens afirmando que irão devolver, mas os personagens descobrem esse esporte praticado no reino, ganhar dos experientes elfos em um jogo que eles têm vantagem pode ser motivo suficiente para o Rei dá um voto de fé aos personagens.
Outra coisa que pode ser implementada nesses esportes, mesmo que não seja uma vila de elfos, essa cultura já foi passada e repassada, assim sendo, uma vila normal pode ter os hábitos de seus fundadores. Como por exemplo, um jogo de cavalgar armado apenas com uma faca, com pinturas no corpo que ninguém mais lembra o motivo e derrubar o maior bisonte selvagem do prado próximo à vila, iluminado por tochas e embalado por tambores. As pessoas da vila podem não se lembrar mais, mas essa vila provavelmente foi fundada por Orcs.
Outra situação, além de simples esportes e simples torneios pode haver um festival desportivo nas vilas e reinos e os jogadores podem se interessar pelas atividades mais comuns, como a liça e a batalha um contra um ou nove contra nove. Mas depois de vencer eles percebem que esses torneios, para os nativos, são meros aquecimento diante do esporte específico daquela região.
Eventos de festivais são mais difíceis, provavelmente, dependendo do tamanho do evento toda a cidade, ou a cidade mais as cidades vizinhas, ou o reino inteiro, ou todos os reinos irão participar trazendo seus melhores “atletas”. O que exige premiações maiores.
Por exemplo, vamos imaginar aquela situação do Rei elfo mais uma vez, os personagens precisam de uma joia de sua coroa, depois de muito pedir, barganhar, negociar o Rei está irredutível. Na taberna os personagens descobrem que quem vencer o torneio principal tem um pedido atendido pelo Rei, ou o ladino descobriu que durante as festividades a coroa ficará exposta em determinado local.
Esportes são muito interessantes e podem trazer mais ao jogo do que os jogadores imaginam, pois no mundo medieval é muito comum ter os eventos esportivos estarem diretamente ligados à religião, o que pode dar milhões de ganchos.
Coisa que pouca gente sabe é que as Olimpíadas eram atividades religiosas, feitas em homenagem a Zeus. Não era incomum essa aglutinação cultural, do esporte e da religião, não só na Grécia, mas como também em todo o mundo (TUBINO, 2010).
Trazendo isso para um mundo medieval, onde deuses podem andar entre os mortais e dar seu favor de maneira mais incisiva, ganhar um torneio em homenagem a um deus pode gerar boas coisas imediatamente ou no futuro.
Provar-se um escolhido, cair nas graças de um deus e talvez até o direito de falar diretamente com ele. Ou pode haver consequências não tão agradáveis, a vila pode ser uma comandada por cultistas e os ganhadores da prova podem ser um sacrifício para uma deidade maligna.
Pode ser que os personagens conseguiram um feito que nunca mais tinha acontecido, e no meio da comemoração e da bebedeira descobrem que desencadearam um sacrifício de crianças.
Outra situação sinistra que pode acontecer é aquilo que eu já falei, a vila segue as atividades esportivas de seus fundadores, fazem rituais que não sabem mais dizer por que são feitos e tais rituais podem acordar criaturas ancestrais há muito esquecidas, entidades de nomes perdidos e deuses loucos e furiosos, por não serem mais cultuados.
Outra situação, que pode ser bem interessante, é o uso de trapaças. Por que humanos e têm em sua natureza a capacidade de desvirtuar as coisas. Se alguns conseguem matar pessoas inocentes e afirmar que tudo que estavam fazendo era buscando a Deus, imagina o que nós fazemos com a competição que, de natureza, é contenciosa.
E a competição saudável se torna algo sujo, e certas coisas que devem ser presadas e amadas se tornam outros tipos de troféus como, por exemplo, o parceiro ou parceira e o desejo pela vitória se transforma em medo da derrota. Trazendo para o esporte podemos acabar topando com as trapaças, o doping.
Como exemplo, voltamos ao Rei elfo que não quer entregar joias de sua coroa aos personagens. Ele pode mandar espalhar um veneno na floresta que não afeta elfos, ou emboscar os jogadores no meio da competição.
Mas ainda existem aqueles que acredita na competição, homens e mulheres que não se sentiriam bem em vencer com esse tipo de facilidade e eles podem querer ir de contra o trapaceiro, seja ele um Jogador ou personagem do mestre criando oportunidade de intrigas e alianças.
Na História de Roma surgiram os Jogos Públicos, configurados em grandes espetáculos realizados nos circos e anfiteatros, onde ocorriam corridas de bigas, lutas entre gladiadores, combates com feras e execuções, tudo isso para abafar as medidas antipopulares tomadas pelo Imperador (SIGOLI,2004).
Lembrando que caso o trapaceiro seja, como no exemplo, uma figura política, pode ser que haja um gancho de aventura interessante de tentar desmascará-lo. Mas o esporte também sempre fora utilizado como modo de alienação do povo, o famoso “Política do Pão e Circo”, e esse político que os jogadores elegeram como inimigo pode ser uma figura popular entre a maioria das pessoas.
Senhores antes de deixar seus jogadores adentrar em algum vilarejo, reino ou cidadela pensem quem fundou aquele local, qual cultura predominante, ou então todas as cidades e vilas serão exatamente iguais. Eventos esportivos ou somente os espores ajudam a dar essa diferenciada e criam infinitas maneiras de seus jogadores ou seu personagem se divertir sem ser pegar quest e fazer missão, afinal eles são aventureiros não office boys.
No mais, gostaria de seus comentários e sugestões, se quiserem solicitar algum aspecto cultural que eu deva abordar futuramente e ajudá-los a aprofundar suas jogatinas.
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