Como montar um bom plot para o seu RPG!

Fala roleplayers, as dicas de hoje vão ser sobre como montar um enredo show de bola para conduzir suas próximas aventuras! Então prepara sua pena e grimório e vamos começar a escrever essa história!

Se você caiu aqui através de um portal dimensional e não está entendendo nada, clica aqui que eu explico o que é um enredo para RPG.

Bom, para começar quero deixar bem claro que enredo e roteiro são coisas diferentes, o roteiro é aquele documento escrito que descreve os acontecimentos que devem ser seguidos na obra, como o roteiro de um filme em que as cenas são descritas, onde os personagens devem estar, suas falas e ações, e não é disso que discutir aqui. Vamos falar de enredo, da história!

Primeiramente você deve entender que toda história é conduzida e não há apenas uma forma de fazer isso. As três principais formas utilizadas na mesa são:

Plot-Driven – Historias conduzidas pelo enredo

Histórias acontecem movidas por um fator externo aos protagonistas (no caso, os jogadores), um evento natural ou sobrenatural, um outro personagem (um antagonista), algo ou alguém que gera um movimento e os efeitos desse movimento deverão afetar os personagens de alguma forma, contrário a seus ideais, atentando contra suas vidas e de seus entes queridos.

Tragical return
Arte por Gary jamroz-palma

Nem todo movimento gerado para criar um plot deve ter um efeito negativo sobre os personagens, mas deve ser algo que os envolva na história, que os faça entrar na trama e fazer parte dela.

A aventura nunca deve ser vazia, ou apenas uma jornada por pontos de experiência e moedas de ouro, sempre deve haver um motivo por trás daquilo, ‘’ eu preciso ficar mais forte para proteger meus amigos’’, ‘’ eu preciso de ouro para garantir uma boa vida a minha família’’, ou até motivos menores como entrar em uma aventura por ouro para comprar itens mágicos como preparação para um embate muito perigoso que estar por vir.

Ao fim de cada jornada deve haver uma resolução, trazendo consigo uma nova percepção, alguma mudança no personagem, algo deve ser aprendido daquilo.

Geralmente em plots conduzidos dessa forma seguem um padrão de importância no desenrolar dos fatos:

Início – Um status é apresentado, os personagens, o cenário….

Quebra – Um acontecimento modifica a situação inicial.

Conflito – Surge uma situação a ser resolvida, a estabilidade dos personagens é rompida, forçando que se movam contra a “quebra” da situação inicial.

Clímax – É o ponto alto da narrativa, onde os personagens enfrentam a situação conflitante para trazer um fim a ela.

Desfecho – A solução do clímax após o embate, o que aconteceu. É importante sempre ter em mente que nem todo desfecho é positivo para nossos protagonistas.

Character-Driven – Histórias conduzidas pelo personagem

Aqui o que move a trama é a psique do personagem, seus conflitos internos. Para conduzir um jogo focado unicamente no character-driven você deve ter personagens profundamente perturbados, que buscam significado na própria vida, enfrentam dilemas morais constantemente e que têm dificuldade de lidar com situações comuns.

A aventura não importa tanto quanto as motivações pessoais, os fatores externos vêm em segundo plano, e a conclusão de cada ato deve ser focada no desenvolvimento emocional do personagem. Sempre lembrando que personagens assim não terão uma correção de caráter, seguindo sempre em conflito.

World-Driven – Histórias conduzidas para imergir os jogadores em um mundo fantástico

Aqui tanto o plot quanto os personagens não são o foco principal. Histórias world-driven tem como ponto principal apresentar e imergir os jogadores em um novo mundo. Geralmente abordado em histórias de ficção científica ou fantasia, buscam passar a sensação e vontade de estar naquele mundo, fazer parte dele.

The Castle in the Sky
Arte por Alex Feliksovich

Claro que devemos ter um plot e tentar trabalhar os personagens o máximo possível, mas tendo em vista que o protagonista deve ser alguém que também está explorando e vivendo esse ambiente, o plot deve move-lo pelo cenário para que o mundo possa ser explorado em seu máximo potencial.

Mas o que você deve realmente procurar fazer é criar um híbrido desses conceitos em uma proporção que irá agradar e prender seus jogadores!

Se você e sua mesa adoram viver aventuras fantásticas enfrentando vilões, salvando princesas, ótimo! isso não impede os jogadores de criarem personagens profundos, assombrados com questões internas, questionamentos sobre o que fazem, donos de personalidades defeituosas e tudo isso. Você pode adicionar elementos character-driven tendo momentos que o plot fica mais fraco e você trabalha as lutas internas desse personagem.

Por exemplo, os jogadores podem se envolver em um conflito e ajudar uma das partes, mas após a resolução desse conflito percebem que suas ações não eram para um bem maior, mas sim para ganho de alguns poucos, como os heróis reagiriam a isso? (Tendo em vista que os jogadores sejam heróis e se importem com isso.)

Em um RPG de horror pessoal como Vampiro a Máscara, muitas vezes o foco principal da campanha são os conflitos internos de seres imortais falhos, destruídos por dentro, tentando achar um motivo para sua infinita existência. Mas as vezes eventos desencadeados podem pôr em cheque sua existência, fazendo-o entrar em uma jornada (no sentido de se envolver em um plot, tendo a quebra de seu status, um conflito que levará a um clímax e a sua resolução) trazendo um ritmo diferente ao jogo.

Eu vou bater o pé e dizer que você TEM A OBRIGAÇÃO de SEMPRE que estiver narrando uma fantasia ou ficção científica que não seja “dark” ou “distópica”, fascine seus jogadores com descrições fantásticas.

Falo dessa forma porque aqui temos caminhos diferentes, tanto em jogos high fantasy quanto dark fantasy por exemplo, você deve imergir seus jogadores no cenário, mas com visões completamente opostas.

Em um dark fantasy ou um cyberpunk, uma boa ambientação deve trazer um pouco de desconforto aos jogadores, com uma ambientação que passe um clima opressor, algo desconfortável aos personagens.

E como falamos anteriormente o world-driven busca gerar um sentimento de fascínio, um desejo de viver naquele mundo. Descreva com a maior riqueza de detalhes que puder, desde roupas à lugares e itens, não esqueça de preparar cenas geradas por magias, elementos místicos ou científicos presentes nesse mundo. Então pegue suas melhores referências e crie algo novo, interessante e apresente aos seus jogadores com a melhor descrição que puder fazer.

Como fazer um bom Enredo para RPG

Além de mesclar a “direção” do enredo para tirar máximo proveito da história, dos personagens e do cenário, existem outras pequenas dicas que podem lhe ajudar a criar enredos funcionais e interessantes para sua mesa. Vamos a eles:

1 – Nunca esqueça que a história gira em torno dos PJs

É simples criar um plot, um personagem, um ambiente e situações que vão fazê-lo se tornar um vilão, montar seu plano de ação e desenvolver suas consequências. Mas motivar e mover os jogadores para se envolver nessa trama as vezes pode vir a ser a parte complicada, principalmente se seus jogadores forem daqueles que não curtem muito seguir seus trilhos.

Mas calma, não precisa matar os PJs só porque eles não querem ir na sua aventura. Você deve sempre levar a aventura até eles, se esse plot é importante e os personagens devem participar dele você deve cria-lo entrelaçado com o desenvolvimento dos personagens. Encontre um ponto de conexão e trabalhe nele, faça que aquele efeito causado pelo vilão seja algo que será sentido pelo jogador, motivando-o a agir.

2 – Referências, clichês e plágios!

Leia, assista, copie, imite, modifique! A história que você vai narrar em sua mesa não precisa ser 100% autêntica e original, ninguém vai te processar. Use todas as referências que você puder para ajudar e facilitar seu trabalho, copie personagens e altere pequenos detalhes, isso vai facilitar muito sua vida.

Gandalf the Grey
Arte por Murat Gül

Se você conhecer os gostos de seus jogadores melhor ainda, use personagens que você sabe que eles se identificam para criar NPCs que irão cativá-los. Veja do que os jogadores gostam e entregue isso para eles, e a forma mais fácil de fazer isso é pegando referência em suas obras preferidas. Eu garanto que eles irão gostar!

3 – Aprenda o máximo de recursos narrativos possíveis!

Quanto maior for seu arsenal de habilidades mais controle você terá na mesa! Se você souber o que é e ter uma ideia de como usar: Plot Twist, Cliffhanger, Deus Ex Machina, Chekhov’s Gun, MacGuffin… você terá mais formas de manipular a trama e os jogadores, gerando interesse, emoções, e até mesmo abrindo novos caminhos para sua história!

Eu defendo o RPG como uma poderosa ferramenta de aprendizado, que nos treina em diversos campos essenciais para nossas vidas, como resolução de problemas, estimulando nossa criatividade e também como uma forma de aprender a contar histórias de forma memorável.

Hoje o termo Storytelling é usado frequentemente quando se fala de marketing, vemos vários escritores, atores, diretores famosos que tem como hobbie jogar RPG. Então não custa nada estudar um pouco sobre criação de histórias e ler algo diferente dos manuais de RPG, porque no final das contas, você também está aprimorando ferramentas muito úteis para o mercado de trabalho e tudo mais!

Então vamos trazer para vocês todos esses recursos narrativos citados a cima e muito mais, para que vocês usem na mesa e nas suas vidas! Então deixe seu comentário, seu feedback, sua dúvida, compartilhe com seus amigos, anota mais 2000 de XP e até a próxima!

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