Me compliquei na interpretação!

Beholder: Yo! Seguindo esse negócio de comparar o RPG de Mesa com a realidade, abusando da liberdade de ser novo nisso tudo, venho aqui deixar mais uma experiência!

Takumi Usui
Takumi Usui do anime Kaichō wa Maid-sama!

Eu leio/ouço e também costumo seguir a seguinte frase: “O Carisma determina a força de influência e a qualidade da aparência do seu personagem”. Baseado nisso é óbvio que seguindo regras do sistema d20, um personagem com 10 de Carisma seria um aldeão qualquer com alguns dentes tortos enquanto um 20 faria de você um Gato a nível anime Shoujo! (E talvez babaca também…).

Esse conceito corria bem em minha mente até eu me deparar com a seguinte jogatina:

Eu havia criado um Samurai Morto-vivo, portanto, já deixei meu personagem com o Carisma baixo afinal eu tinha partes do meu corpo decompostas e fedia (não faço ideia do porque desses personagens surgirem na mente de jogadores de RPG, mas me faz lembrar dos “Nicks” da zoeira que usamos em MMORPG).

Lá estava eu seguindo a motivação do meu personagem quando me deparei com um grupo de aventureiros! Eram os personagens dos outros jogadores e entre eles havia apenas 1 novata, de resto todos eram experientes.

Ao me deparar com eles rolou toda aquela interpretação que é usada para que, um Morto-vivo seja aceito ao grupo de personagens mais normais. Ao interpretar meu personagem fui sério e honrado como um samurai deve ser e passei confiança aos demais exceto pela novata que sentia uma vontade constante de me enfiar a porrada. Achei aquilo ok já que era uma personagem nova, mas aquilo me deixou encucado.

Maquinando na minha mente as regras de RPG, eu questionava se deveria mesmo passar toda aquela confiança considerando meu Carisma tão baixo. Talvez eu não pudesse interpretar com tanta liberdade, já li artigos de RPG que comentam sobre as regras limitarem nossa interpretação para que possamos entrar mais nos personagens. Por outro lado também pensava se os outros jogadores também não deveriam suspeitar mais de mim tal qual a novata.

Como jogador de pouco conhecimento técnico, queria saber se as regras deveriam mesmo limitar assim a interpretação, afinal meu personagem tem o comportamento de um Samurai. Como eu mudaria isso para encaixar com o Carisma baixo? Ou talvez eu não precisasse mudar, afinal as regras são para os jogadores e não para os personagens, certo?

Goblin por Gilberto "Soren" Zaragoza
Goblin por Gilberto “Soren” Zaragoza

Para chegar a uma resposta busquei uma comparação com o mundo real. Aquele cara feio, ou melhor, não adequado para os gostos da massa, mas que tivesse uma lábia de enganar até a mãe estaria com 10 ou com 20 de Carisma (números meramente ilustrativos)? Será que aquela garota que quando passa deixa meus “brother” com torcicolo, mas quando fala só sai imundices e grosseria teria 20 de Carisma? Estou errado em buscar a resposta fazendo uma comparação com a realidade? Estou entendendo mal a lógica por trás do Carisma? Jogo pra banca!

Dimitri: Existem dois carismas, um referente à minha aparência e outro referente a minhas habilidades sociais. O game nos diz pra jogar CAR em rolagens de intimidação… Meu personagem pode ter o CAR 20, mas é um elfo de um metro e meio, como ele pode intimidar?

Bem, ele pode! Dependendo da situação, em uma mesa de bar ele pode ser bom em ameaças veladas que afetem outros personagens, pois suas capacidades sociais são elevadas, mas em um combate o orc do grupo com 8 de CAR, com 22 de FOR que acabou de arrancar a cabeça de dois com uma única machadada, bem… Ele é mais intimidador.

Deathwing por Philipp Kruse
Deathwing por Philipp Kruse

Minhas soluções:

  • Que fique bem claro de que “carisma” estamos falando, nem sempre precisamos de números… Mas por exemplo, o seu elfo de 20 de CAR recebeu uma magia de ácido na cara, o carisma dele vai diminuir? SIM, mas só até ele começar a falar a desenrolar a lábia dele. Pensem no CAR como uma habilidade dual. Que refletem duas coisas que não necessariamente andam juntos.

Prós: Acredito que resolve boa parte dos problemas que CAR sempre dão.
Contra: Não resolve a questão da intimidação e de como interpretar.

  • Outra solução é que o CAR seja apenas a aparência do personagem e suas habilidades sociais sejam totalmente interpretadas. Ex: A jovem maga humana tem a personalidade de um velho guerreiro anão. O CAR dela pode até ser alto na aparência, mas quando ela for jogar uma manipulação, o mestre determina o bônus baseado em sua interpretação.

Prós: Deixa a interpretação dos jogadores mais livre.
Contra: Não resolve a questão da intimidação e cria um problema com os Feiticeiros que têm em sua CAR habilidade necessária para lançar suas magias.

  • Ultima solução seria alterar certas jogadas dependendo da situação, exemplo: O Orc que arrancou duas cabeças com uma machadada pode joga Intimidação com base na FOR ao invés de CAR

Prós: Não cria jogadas muito diferentes da do padrão.
Contra: Não resolve o problema do distanciamento de carisma e aparência.

Aragorn_2_-_FOTRRaul: Na minha humilde opinião em D&D a parte social não era realmente o foco do sistema, então jogaram todo seu peso em uma única habilidade o que acaba por gerar algum desconforto em certas situações. Ao meu ver o D&D tem uma visão como da maioria das historias clássicas, onde o cara bonitão é sempre o bom líder, o bonzão na lábia e por ai vai, por isso essa ideia de juntar aparência com as capacidades sociais.

Eu pessoalmente não gosto muito do fator de ter sua Aparência Física limitada a um valor de habilidade. Então na minha opinião, nesse caso seu valor baixo de Carisma estaria mais ligado a seu Magnetismo pessoal e capacidades sociais como influenciar alguém.

E o que isso significa? Que você não aparenta ser alguém confiável? Não necessariamente, significa que você não vai ser tão bom em convencer os outros que você é confiável. Então aqueles que já tiveram algum contato com um samurai ou tem algum conhecimento sobre eles pode se convencer mais facilmente que você é honrado e uma pessoa de confiança, já aqueles que não tem mais motivos para duvidar de você.

Também é importante levar em conta o relacionando dos players com mortos-vivos, o que pode complicar para seu lado ou não.

Quanto a aparência física, eu sei que pessoas bonitas tem uma certa vantagem, mas mesmo se na sua mesa você decida que aparência física não está ligada ao valor de carisma, não creio que criaria um desbalanceamento relevante. Afinal mesmo o personagem sendo bonito (tendo em vista que beleza é algo subjetivo) ao tentar seduzir alguém por exemplo, ele vai precisar de uma desenvoltura perante seu alvo, a forma de se portar, de se expressar e sem contar a bendita interpretação. Veja como exemplo aquelas pessoas que são lindas até abrirem a boca.

Então o seu valor de carisma estaria mais ligado a forma que as pessoas vêm você como um todo quando você passa a interagir com elas. Uma combinação de confiança, linguagem corporal, expressões faciais, tons de voz…E é claro o Magnetismo pessoal, que nada mais que a capacidade de atrair outras pessoas a para a sua maneira de pensar. Então tudo que falei logo acima conta como a confiança e linguagem corporal, mas também há um que pessoal, algo em você que atrai as pessoas.

 

griffith berserk
O personagem Griffith, líder do Bando do Falcão do manga Berserk é um ótimo exemplo de Magnetismo pessoal. Todos ao seu redor se sentem atraídos pelo seu sonho, e alegremente querem se juntar a ele em sua jornada.

Para os novatos também recomendo darem uma lida aqui, onde falei um pouco sobre criação de personagens e também falei um pouco sobre esse assunto.

Quanto a grande dúvida que existe quanto a Intimidação, no livro do jogador são abordadas duas situações, alterar o comportamento do alvo (cooperar com informações por exemplo) e desmoralizar o adversário que consiste em minar a determinação do adversário durante o combate, que eu creio que seja o que gera mais dúvidas.

A manobra em questão deixa o alvo abalado, com -2 de penalidades nas jogadas de ataque, testes de habilidades e resistência por um turno. Logo o livro não traz nenhuma regra especifica para por exemplo afugentar inimigos e por aí vai. Há também um bônus de +4 de bônus por categoria de tamanho que supere o inimigo (ou -4 de penalidade caso seja o contrário), novamente não temos regras sobre superioridade numérica ou algo do tipo. Então ao meu ver vale a regra de ouro.

Uma sugestão seria atribuir bônus ou penalidades referentes a situação, um Orc que acaba de arrancar a cabeça de dois oponentes com apenas um golpe com certeza merece um bônus. Ou caso seu grupo esteja enfrentando um grupo de inimigos, mesmo estando em menor número vocês conseguem reduzir os oponentes a menos da metade, um teste de intimidar nesse momento seria muito mais impactante do que a 5min atrás enquanto vocês estavam em menor número.

Dependendo da margem de sucesso o(s) alvo(s) fica abalado, em choque (recebendo -4 de penalidades) ou até mesmo tenta fugir do combate.

Tornando o valor de Carisma um bônus para aqueles que tem realmente uma presença mais marcante.

 

Beholder: Peço a resposta de vocês ai nos comentários!

Lembrando aqui que eu sei de outros sistemas de RPG de Mesa que tem bem mais opções na Ficha de Personagem para lidar com isso, mas a resposta que eu busco não é “mude de sistema” e sim como entender essa lógica do Carisma.

E aí, como vocês lidam com esses problemas na mesa de vocês?

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2 Comentários
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Ary Eyan

a muito tempo atras me convenci que a aparencia tem mais a ver com o equilibrio dos atributos fisicos e que carisma sao suas habilidades sociais

Raul Tribuzi

É uma forma interessante. Mas não usaria isso como regra… afinal so pq o personagem tem bons atributos físicos ele precisa ser “bonito de rosto” por exemplo.

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